A doutora em educação, Jilvania Lima, escreveu
sobre as metodologias de ensino de língua estrangeira há um tempo atrás. Resumi e atualizei um pouco do que
ela escreveu para que possamos fazer uma análise objetiva. São eles:
1. O Método da
Gramática e Tradução (AGT)
É
o método mais antigo, mas é ainda utilizado. O
método da gramática e tradução é um processo dedutivo, partindo da regra para o
exemplo e da segunda língua pela primeira. Toda informação necessária para
construir uma frase, entender um texto ou apreciar um autor, é dada através de
explicação na língua materna do aluno. Os três passos essenciais para
aprendizagem da língua são a memorização de uma lista de palavras, o
conhecimento das regras necessárias para juntar essas palavras em frases e
exercícios de tradução e versão.
As aulas são ministradas na língua
materna do aluno, havendo pouco uso da língua-alvo. Não é exigido que o professor
tenha fluência na língua-alvo, portanto pouca ênfase é dada à pronúncia.
Os
alunos, por sua vez, deverão ter domínio da terminologia gramatical e o conhecimento
profundo das regras do idioma com todas as suas exceções. A tradução da
língua-alvo para a língua materna é constante, mas pouca atenção é dada ao conteúdo dos textos, que são
tratados como exercício de análise gramatical.
2. O Método
Direto (AD)
Esse método é quase tão antigo quanto a AGT e o seu princípio
fundamental é de que a língua-alvo se aprende através dela mesma. Há a exclusão
da língua materna em sala de aula.
Mímica
e recursos visuais, como flash cards e
vídeos são utilizados para a compreensão do significado, nunca a tradução dos
termos, já que o aluno deve aprender a “pensar na língua-alvo”.
O
professor utiliza diálogos e textos curtos para leitura
e posterior exercícios orais e escritos. O aluno é exposto a situações reais
para depois chegar a uma sistematização. É utilizada a técnica de repetição
para memorização de frases.
Há
ênfase na língua oral, sendo que o exercício oral deve preceder o escrito.
A
gramática é ensinada indutivamente e regras de generalização surgem da
experiência. Textos não são analisados gramaticalmente.
As
quatro habilidades são desenvolvidas: ouvir, falar, ler e escrever.
3. O Método da
Leitura (AL)
Como
o objetivo desse método é desenvolver a
habilidade da leitura, procura-se criar o máximo de condições que a propiciem,
tanto dentro como fora da sala de aula. Procura-se expandir o máximo o vocabulário,
mas não há tanta ênfase em pronúncia.
Predominam
os exercícios escritos, principalmente os de leitura e interpretação de textos.
Ocasionalmente, exercícios de tradução para a língua materna também são
utilizados.
A gramática restringe-se ao necessário para a
compreensão da leitura, enfatizando os aspectos morfológicos e construções
sintáticas mais comuns e utilizando exercícios de transformação de frases.
4. O Método
Audiolingual (AAL)
Surgiu
durante a II Guerra Mundial, quando o exército americano precisou de falantes
fluentes de várias línguas estrangeiras e então encontrou nesse método uma solução
rápida possível.
Há ênfase na fala, na pronúncia, não na escrita. A língua é vista
como um conjunto de hábitos e se define como o que os falantes nativos dizem,
não o que alguém acha que eles deveriam dizer.
O
aluno deve primeiro ouvir muito, ter muitas aulas de laboratório ou de exercícios
auditivos e de vídeo, para depois falar, e então ler, para finalmente escrever
na língua-alvo. O aluno só
deve ser exposto à escrita quando os padrões da língua oral já estiverem bem
automatizados, porque, para os estudiosos dessa área, a escrita é uma
fotografia muito mal feita da fala. Por outro lado, o aluno não aprende
errando, pois, nessa concepção metodológica, acredita-se que “quem erra acaba aprendendo com
os próprios erros”.
O
aluno aprende uma língua pela prática, não através de explicitações ou
explicações gramaticais. Há pouca ou nenhuma explicação gramatical. A gramática
é ensinada indutivamente.
A
tarefa primordial do planejamento de cursos é detectar as diferenças entre a
primeira e a segunda língua, concentrando-se aí as atividades. Há uma análise
contrastiva entre a língua
materna (L1) e a língua-alvo (L2) e memorização de um conjunto de frases e da
aprendizagem intensiva através da repetição, pois acredita-se que a língua é
aprendida através da formação de hábitos do tipo S – R – R (estímulo – resposta
– reforço).
É
permitido o uso controlado da língua materna do aluno, mas dá-se importância ao
aspecto cultural da língua-alvo (L2);
Pode-se
dizer que é o método dos DRILLS, que consiste em apresentar um modelo oral para
o aluno, seja através de exercícios de áudio ou pelo próprio professor, seguido
de intensa prática oral.
5. O Método Natural
O método natural tenta explicar na
sala de aula a teoria de Stephen Krashen, conhecida como Modelo do Monitor ou
Modelo de Input.
Esse método tem por objetivo desenvolver a aquisição
(uso inconsciente das regras gramaticais) da língua em vez da aprendizagem (uso
consciente). Dessa forma, a fala surgirá naturalmente, sem pressão do
professor. O aluno é responsável pela própria aprendizagem e a gramática é
ensinada indutivamente.
A premissa básica é que o aluno deve receber um input linguístico quase totalmente
compreensível, de modo a ampliar sua compreensão da L2.
A
pronúncia não é enfatizada e encara-se a perfeição como uma meta não
realística, já que os erros são vistos como algo inevitável, algo que pode ser
usado construtivamente no processo de ensino.
Espera-se
do professor uma boa proficiência da língua-alvo (L2).
6. O Método Funcional ou
Comunicativo (AC)
O método funcional ou abordagem comunicativa surgiu
nos anos da década de 70, ganhou força total nos anos 80 e é muito utilizado
nos dias de hoje. Procurou, com seu enfoque, não ser extremista. A maior
preocupação é com o uso da língua como comunicação e surgiu a partir de pesquisas
nas áreas de psicolinguística, sociolinguística, filosofia da linguagem e
teoria da informação.
Defende a aprendizagem centrada no aluno, não só em
termos de conteúdo, mas também de técnicas usadas em sala de aula. Dá-se maior
importância às necessidades de comunicação do aluno, como por exemplo, sugerir,
optar, opinar etc. O professor deixa de exercer seu papel de autoridade, de
distribuir conhecimento para assumir o papel de orientador. O aspecto afetivo é
visto como uma variável importantíssima no processo, e o professor deve mostrar
interesse nos anseios dos alunos, encorajando-os a participação e acatando as
sugestões.
Dá-se
ênfase ao modo de como usar determinada forma para se atingir determinada
necessidade da comunicação
Nesse método não existe ordem de preferência na
apresentação das habilidades (ouvir, falar, ler, escrever e compreender) nem
restrições maiores quanto ao uso da língua materna. Em cursos gerais as
habilidades são trabalhadas de modo integrado, mas dependendo dos objetivos
poderá haver concentração em uma só.
Há uma participação ativa do aluno no processo de
aprendizagem através de dramatizações, trabalhos em grupo, etc.
BIBLIOGRAFIA:
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